Paulistanos no Québec
As aventuras de um casal tupiniquim na gélida Québec
Tuesday, August 30, 2016
…E 3 anos e meio depois…
Depois de um longo e tenebroso inverno, estou de volta…
Claro que houve uma displicência por tanto tempo fora, mas, digamos que fiquei muito tempo ocupado em me integrar e principalmente entender a sociedade Québécoise (sim, Québécoise e não Canadense, explicarei mais adiante.
Quero passar nesses posts, as principais alegrias e os principais perrengues para que você não passe por isso.
Digamos que, agora, vou relatar a terceira etapa desta aventura que é viver a sociedade quebeca! Sem ser ácido ou crítico demais e também sem ‘vender’ um paraíso que não existe.
Vamos que vamos!
Tuesday, April 9, 2013
Carte de Résident Permanent
Saturday, April 6, 2013
O preço dos sonhos.
Senhores,
Depois de alguns dias sem escrever nada no Blog, hoje realmente tirei esse post para falar do sonho de imigrar.
Sim, claro que todos queremos ir para um lugar melhor, ter uma qualidade melhor de vida, enfim, queremos progredir não somente financeiramente mas, principalmente como seres humanos.
Mas, isso tudo tem um preço… e pode ter certeza, esse preço pode ser alto. No meu caso, está alto por causa da distância da minha esposa. Vale lembrar que, desde o primeiro dia que a vi, não ficamos separados (salvo uma vez, que fui trabalhar num outro Estado e fiquei duas semanas fora) e acabo sentindo a falta de sua companhia.
Descobrir uma cidade, ou melhor, um país novo sozinho é bom mas, deixando pessoas queridas e amigos é muito mais complicado.
Quanto a coisas, não sinto tanto, por que, com a digitalização de tudo, praticamente, trouxe minha Discoteca de mais de 38.000 músicas dentro de um pequeno HDD. Assim como fotos, filmes com amigos, livros, e filmes. Assim como aqueles shows únicos que só a gente tem.
Certo, isso foi resolvido.
E as outras coisas? Ou melhor e as pessoas? E os hábitos?
Um exemplo (meu é claro), é que eu tinha algumas coisas bobas (que até então nem me dava conta), como nas tardes de domingo, me reunir, de vez em quando com aqueles amigos de infância para assistir jogos de futebol num “frango frito”, beber cerveja, dar risadas e conversar. Ou, naquele final de semana, tirar a tarde com a esposa para assistir filmes no cinema predileto, almoçar com ela e ter um “grand finale” numa cafeteria que tanto gostávamos?
De repente a chave vira, você se encontra sozinho numa terra nova, uma outra língua, outra moeda, outra comida, e longe de todos… E aqueles passatempos que não tinha muito valor, ou melhor, que não conseguia sentir a importância por ser tão corriqueiro, que nem avaliava…
Pois é… Imigrar não é para fracos não… Já acordei por diversas vezes no meio da noite, lembrando de situações simples, da conversa jogada fora… e de todas as pessoas importantes de nossas vidas!
Ah…Brasil… se não fossem tão desleal, tão desigual, e o mínimo voltasse para você de seus impostos pagos. Se realmente houvesse progresso, ah… se não fosse tão violento, ah… se não fosse tão sujo, ah… se não tivesse tanto trânsito…
Lembro muito bem de um casal muito legal que conhecemos nos cursos de francês, que ela dizia : “Gostaria muito de imigrar e levar todos os amigos para lá”. Pois é… seria legal mas, e o frango? E o jogo de futebol?
Imigrar é isso, correr atrás dos sonhos, fazer o melhor para a família, é prosperar mas, sempre terá um preço a pagar.
E você que pretende imigrar, tem de ter isso em mente. Saudade sempre vai existir mas, tento sempre lembrar o por que que estou aqui, e lembrar do motivo pelo qual eu imigrei. Tendo isso em mente, a vida fica mais suave…
Abraços a todos os imigrantes.
A bientôt.
Friday, March 29, 2013
Direitos do Consumidor !?!
Senhores,
Passei a maior parte da minha vida, ouvido que o Brasil tinha a melhor código de defesa do consumidor do mundo.
Para quem não lembra, essa código é um conjunto de leis que protege o consumidor brasileiro de produtos e empresas que não respeitam os direitos básicos, como por exemplo, troca de produtos em caso de defeito em 7 dias, assistência técnica, etc. e não só isso, mas, também contra escolas, instituições, supermercados, etc.
Esse livrinho foi lançado no começo dos anos 90, pelo então presidente, Fernando Collor de Melo. Lindo não? Mas, esse é o grande problema do Brasil, ter tudo feito à base da canetada e, não ser da vontade do povo. Assim foi desde os primórdios da história, até a “independência” foi conquistada à base da canetada.
Lembro de brigas que chegavam a se tornar epopéias, foi pelo celular, para as empresas de telefonia, para a porcaria da NET (no qual eu ainda estou com o nome sujo no Serasa, por causa de incompetência deles). Ainda essa semana, meu irmão comentava o parto para trocar um liquidificador num grande magazine.
Aqui posso falar que, o direitos do consumidor é algo nato. Aqui, o consumidor está sempre certo, literalmente, e empresas arcam com esse “ônus”, por que, como a concorrência é acirrada, tratar de melhor maneira possível é a saída mas, antes de qualquer coisa, o povo briga por isso.
Na primeira semana que cheguei aqui, comprei um computador, e como não gostei do famigerado Windows 8, decidi, por conta própria, instalar o Windows 7. Resumindo, a HP amarra o hardware com o software de uma maneira, que fica praticamente impossível de se trocar o sistema.
Enfim, me vi no seguinte dilema, a máquina parada, sem sistema operacional e, de uns anos para cá, não existem mais aqueles discos de recover para restaurar o sistema. O que fazer então? Lembrei-me de ver um departamento dentro da Bestbuy (loja em que comprei o micro), chamado Geek Squad. Nesse departamento, existem técnicos que ajudam os usuários a instalar, configurar e resolver problemas com o computador e resolvi levar até lá para conseguir fazer um restore da minha máquina.
Cheguei lá, falei do problema, o técnico ligou o computador e fez um : “hmmmmm”, putz, pensei… Lá vem! Ele falou: Senhor, o erro é muito complicado… Vai tomar muito do seu tempo, o senhor pode me acompanhar? Eu acompanhei, ele me levou até um balcão e TROCOU a minha máquina. Na mesma hora, pegaram o meu ticket, trocaram e ainda agradeceram.
Enfim, voltei para casa com uma nova máquina, feliz e a Bestbuy acaba de ter mais um cliente fiel.
Mas, para isso acontecer, é necessário haver algumas regras básicas que não se determinam através da canetada. Precisa de empresas que estejam dispostas a suportar esse ônus e de consumuidores conscientes.
Resumindo, os consumidores tem de ter a consciência de não querer levar “vantagem em tudo”, e de empresas de não querer tratar consumidores como lixo.
É isso ai!
Thursday, March 28, 2013
Preços e poder de compra no Québec.
Senhores,
Decidi escrever sobre isso por que, como somos capitalistas, o preço é algo fundamental.
E realmente descobri que, no Brasil, vive-se um deslumbre econômico e totalmente fora de senso. Se aqui a vida é baratíssima? Não, posso dizer que ela é justa.
Antigamente, gabava-se dos preços dos alimentos eram baixos, pois é… essa realidade é coisa do passado.
Vou pegar um exemplo, os bens de consumo, por exemplo, chegam a custar um terço (mesmo convertendo a moeda) dos preços do Brasil.
Um dos primeiros bens que comprei aqui, foi o celular, por vários motivos mas, principalmente, para ter respostas dos curriculums que envio.
Pois bem, sabe aquele celular lindão da Apple, o iPhone 5, que no Brasil o preço é de aproximadamente R$ 2.000, com um plano que custa aproximadamente de R$ 300 para se ter, 1GB de internet, falar ilimitado dentro da mesma operadora e 600 minutos para outras e mensagens de texto ilimitada.
Comparando o mesmo mesmo aparelho, com um plano similar aqui. Comprei um iPhone 5 de 16GB por $99 e plano similar, com os mesmmos requisitos, por $70. A briga por venda de celular aqui é tão acirrada, que cada semana, as coisa mudam. Se convertermos os preços, o iPhone sairia por R$ 200 e o plano por R$ 140, beeem mais barato que no Brasil.
Uma outra coisa, comprei um computador da HP, com 17pol de tela, processador Intel i3 (2.40GHz), 8 GB de memória RAM e 1TB de disco por $600. Não consegui encontrar esse computador mas, fiz algumas sondagens em modelos similares, por R$ 4000 mesmo com “incentivos” do Brasil.
Se formos comparar o preço da alimentação, eu faço as despesas semanais para uma pessoa por aproximadamente $60 por semana. Ou aproximadamente $240 por mês, e isso não somente ao básico. E sem junk food, comida de qualidade, muitas vezes, melhor que as do Brasil.
Se falarmos de vestimentas, a disparidade é ainda maior. Uma camisa polo da marca Tommy Hilfiger, que custa, em São Paulo, por volta de R$ 200, aqui custa $45. O mesmo vale para calças jeans, a mesma da Tommy que custa mais de R$ 250 no Shopping Morumbi, aqui custa $65. E estamos falando de roupas em lojas de shopping e não em outlets.
Ainda no quesito de bens duráveis, os preços de carros aqui, são outra realidade. Além de taxas de juros quase 0% (comparando com o Brasil) os carros custam menos da metade do Brasil. Por exemplo, um Kia Sorento no Brasil, sai por R$ 126.000 (modelo intermediário), aqui, o mesmo carro sai por $35.000 já com impostos.
Vendo essa diferença e deslumbramento do consumo no Brasil, posso afirmar que o brasileiro é um dos povos mais ricos do mundo.
Se formos comparar ainda que o que pagamos de impostos, aqui, pagamos quase a metade dos impostos do Brasil e temos serviços, educação subsidiada, saúde subsidiada. Se aqui é o paraíso? Não, tem alguns problemas mas, a sociedade é mais justa. Existe demora em marcar consultas médicas, existe uma longa fila para garderies. Mas, o melhor de tudo, desde o mais humilde ao mais rico, tem acesso aos mesmos serviços.
Isso seria capitalismo? Ou o Socialismo pregado nos países da América Latina? Bem, não sei… mas, uma coisa é certa: Mesmo sendo capitalista, as diferenças sociais e econômicas, não chegam nem aos pés do Brasil, onde um bairro nobre como o Morumbi possui uma imensa favela como a Paraisópolis.
Até logo.
Saturday, March 23, 2013
RAMQ - Régie de l'Assurance Maladie du Québec
Amigos,
Continuando minha peregrinação documental, agora fui fazer o Assurance Maladie.
Como disse anteriormente, esse documento é o documento da saúde aqui no Québec. Somente com ele é possível fazer as consultas e ser atendido nos hospitais.
Grossamente comparando, é como o cartão do SUS (não gosto nem de lembrar disso, já vi tantas pessoas se ferrando para conseguir atendimento no Brasil e outras conseguindo sem problemas, mostrando um sistema desigual que destrata a população).
Como no caso da Assurance Sociale, eu recebi uma ajuda com o endereço do local para tirar o documento.
O Endereço mais próximo é:
787 Boulevard Lebourgneuf, Québec, QC
Para chegar da onde moro é necessário pegar dois Metrobus. Linha 801 e 803. Agora fui mais calmo por que com os motoristas muito educados, eles me ajudaram.
Cheguei na repartição, limpíssima, tirei uma senha e passei por uma pre-analise. Ai comecei a ter o problema da língua como disse anteriormente, a Província do Québec, é francófona e os orgãos do governo falam somente em francês, e como estou na primeira semana ainda, entender o que o povo fala é ferro… Mas, acabei me entendendo.
Para dar entrada no Régie de l’Assurance Maladie é necessário levar, o NAS, o Bail, o passaporte com o visto e a Confirmação de Residência Permanente (lembra dela? Guarde como fosse sua vida) e o CSQ.
Levou uns 10 minutos para dar toda entrada, o atendimento é padrão… muito bom, educado e formal.
Para dar entrada é necessário ter $10.35 para pagar a foto digital que vai no documento.
Depois disso, voltei para casa!
Me perdi, mas, almocei num ótimo lugar e bem baratinho no shopping Laurier.
Obrigado.
Sistema de Transportes da Ville de Québec.
Senhores,
Durante um bom tempo eu fiquei com o pé atrás quando me falavam que na cidade de Québec tinha somente ônibus como sistema de transporte coletivo, sem metrôs…
Claro que fiquei com o pé atrás por que minha referência de transporte rodoviário não é das melhores, a inchada cidade de São Paulo.
Mas, tive um graaanddeee engano. Os onibus são muito funcionais. Desde o sistema de pagamento até o conforto e o volume de pessoas dentro deles.
Então vamos enumerar…
1) Preço
O preço da condução aqui no Québec, pode-se parecer alto, $3 se compararmos com a maioria das cidades brasileiras mas, podem ter certeza, vale cada centavo. Quando você utiliza avulso mesmo, tem que dar o dinheiro contado, pois o sistema de pagamento não tem cobrador (trocador em alguns lugares do Brasil), e você deposita as moedas num cofre… Na realidade não existe um contador de moedas, é na confiança mesmo.Eu sugiro fazer o que fiz, comprar o cartão OPUS, uma espécie de bilhete único canadense. Ele custa $6 e a carga mensal, é de $79… Um valor de quase 27 passagens. Ou seja menos de 1 condução por dia.
2) Linhas
Existem 4 tipos de ônibus…
- Métrobus. São ônibus maiores que misturam o ônibus com o metrô. Ônibus grandes e confortáveis com linhas circulares até o centro e passam com reguralidade de 15 minutos de intervalo. Passa pelas principais avenidas de Québec.
- LeBus. Esses ônibus são os regulares, que tem seu trajeto definido. Tem regularidade de 15 minutos nos horários de pico e 30 minutos no resto do dia. São ônibus menores, mas, igualmente confortáveis.
- eXpress. São linhas expressas que passam nas avenidas mais movimentadas e somente em horários de pico.
- Écolobus. São ônibus elétricos que circulam somente no centro. Aqui em Québec, a preocupação com o meio ambiente é muito interessante.
3) Acessibilidade.
Até o presente momento, percebi que, todos os pontos de ônibus são projetados para pessoas com deficiência física, principalmente que utilizam de cadeira de rodas.
Os ônibus nem sempre são preparados para pessoas deficientes mas, esses que não são, rodam somente nos horários de pico, em cada 15 minutos, ou seja, a cada meia hora, passa um ônibus que é preparado mas, isso só vale para os LeBus, por que os outros outros são totalmente preparados. Em geral, com excessão do Écolobus, que é um minibus, eles possuem um largo corredor. Já vi diversas vezes mulheres entrarem com carrinhos de bebê e colocarem os carrinhos abertos no meio do corredor e ainda sobrar um bom espaço para qualquer um passar.
4) Horários.
Precisos… Existe um centro de informação no centro de Québec, perto do Chateau Frontenac, que me forneceu um mapa com os itinerários e horários dos ônibus, é bom mas, nada se compara com o aplicativo para iPhone (não sei se tem para Android mesmo por que, o mundo aqui usa iPhone) e como já comprei um (coloco isso nos próximos posts) e baixei o aplicativo. Depois de instalado, ele não necessita estar conectado na Internet. Ele mostra todas as linhas, itinerários, e o mais impressionante, o horário em que ele vai passar no ponto que você está. Isso mesmo, ao chegar ao seu ponto, basta ver na placa qual é a parada (cada uma tem um número distinto), e é certo. O horário preciso que está no aplicativo é exatamente o que o ônibus passa. Além disso, o site da RTC é muito completo e tem todas as informações. Ainda sugiro, para quem tem o iPhone, mesmo sendo do Brasil, a fazer o download deste aplicativo e mais o Google Maps, que mostra todos os itinerários e principalmente quais ônibus você tem de pegar para chegar ao seu destino.
Uma das coisas mais importantes que vi aprendi aqui é que, não somos dependentes de carros como no Brasil, principalmente em grandes cidades, os ônibus são confortáveis e, como não conduzimos, podemos apreciar a vista, ler um livro, etc. Sem apertos, sem empurra-empurra. E também os motoristas são extremamente educados e pacientes. Geralmente são bilingues e se, você tiver alguma dúvida ou precisar perguntar sobre uma parada que você vai descer, pode fazê-lo sem medo, além de orientar, eles avisam quando você tem que parar.
Outra vida, principalmente para quem veio de São Paulo.
Bientôt!